sábado, 27 de fevereiro de 2010

Já me apeteceu partilhar.


Todos os finais de ano, eu e a Rita escrevemos os nossos planos para o ano seguinte. Escrevemos no presente, porque quando voltamos a ler, os objectivos devem estar cumpridos.

Essa deve ser a nossa luta.

A Rita convenceu-me que a Lei da Atracção é uma verdade absoluta. E eu pensei que as coisas más que me acontecem poderiam, realmente, derivar de pensamentos negativos. Sempre me achei azarada.

Fiquei surpreendida quando percebi que todos os meus desejos de 2009 se realizaram. Mais do que isso, 2009 superou as minhas expectativas. Algo que nunca imaginei sentir. Sorrio cada vez que penso em tudo o que vivi. Na intensidade, na paixão, na liberdade. Na paz que despertaram em mim. Nas pessoas com quem me cruzei, nas respostas não obvias, na sede de saber e sentir. Sinto-me inspirada. Apetece-me viajar, mais do que nunca. E apetece-me partilhar.

Agora, acho que atraía o azar com o pensamento de que sou azarada.

Já engoli desculpas que não aceito e tolerei pessoas que não gosto.
Já falei da boca para fora e aprendi a calar-me e a ser tolerante.
Já fiz coisas que vão contra tudo o que eu acredito.
Já fui perdoada por coisas que eu não perdoaria.
Já me desiludi e já me surpreendi.
Já me senti em paz.
Já senti saudade.
Já chorei. Já amei.


Já vivi intensamente.


E.M.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Vai onde te leva o coração.

"(...) Somos seres suspensos em bolas de sabão, que vagueiam felizes pelos ares; nas nossas vidas há um antes e um depois, e esse antes e depois são uma ratoeira para os nossos destinos, pousam-se sobre nós como uma rede se pousa sobre a presa(...)
O destino possuí todo o poder e esforço de vontade não passa de um pretexto(...)
Quando o caminho atrás de ti é mais comprido do que o que tens à tua frente vês uma coisa que nunca tinhas visto antes: o caminho que percorreste não era a direito mas cheio de encruzilhadas, a cada passo havia uma seta que apontava para uma direcção diferente; dali partia um atalho, de acolá um carreiro cheio de ervas que se perdiam nos bosques.
Alguns desses desvios fizeste-os sem te aperceberes, outros nem sequer os vistes; não sabes se os que não fizeste te levariam a um lugar melhor ou pior; não sabes, mas sentes pena. Podias fazer uma coisa e não fizeste, voltaste para trás em vez de seguir em frente.

E quando à tua frente se abrirem muitas estradas e não souberes a que hás-de escolher não te metas por uma ao acaso, senta-te e espera. Respira com a mesma profundidade confiante com que respiraste no dia em que vieste ao mundo, e sem deixar que nada de distraia, espera e volta a esperar. Fica quieta, em silêncio e ouve o teu coração. Quando ele te falar, levanta-te e vai para onde ele te levar."

Vai onde te leva o coração.
Susana Tamaro.


A.C


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Dois lados do mesmo adeus

Caem como folhas
Lágrimas do seu rosto
Suavemente descem
Deixam-lhe o desgosto
Entre dois suspiros
Sopro-lhe, na face
Sem favor
Abre-se a janela
Tenta um disfarce

Aperta-me a mão
Ri por um instante
Deixo-me ficar
Deixo-me ficar

Nunca quis saber
Nunca quis acreditar
Que irias partir
Não podias cá ficar
Nunca quis escutar
E muito menos quis ouvir
O teu silêncio que avisava
A intenção de não voltar
Podes crer
Bem que me disseram
Para nunca me dar
A uma pessoa ou a um lugar
Podes crer
Se um homem nunca chora
De que servem estes olhos
Se não podem mais te ver
Queria ver
Queria saber
O que fazias tu
Que estás aqui a observar
Estás a ver
Estás a perceber
Pode ser que um dia
A gente volte a se encontrar

Agora embora,
Agora sem demora
Deixa-me ficar aqui sozinho para pensar
Agora agora
Que a minha alma chora
Como diz alguém
Vou me perder pra me encontrar

Esse choro triste
Desespero seu
Pra tentar dizer
Nada se perdeu
Pede-me que fique mais
Por um segundo eterno
Como se quisesse ter
O meu beijo terno

Aperta-me a mão
Ri por um instante
Deixo-me ficar
Só por esse instante


Donna Maria.

A.C.